O avesso e o direito
A cidadania constitui um estatuto e uma virtude. É que cada um de nós, pela mera pertença à República, tem um conjunto de direitos e de deveres – é o estatuto; e deve exercê-los com zelo – é a virtude.
Nesses direitos e deveres, conta-se o de eleger e o de ser eleito. Mas nas escolhas que são postas ao cidadão eleitor, é bem legítimo que ele possa dizer: nenhuma serve a comunidade. Chama-se a isso voto branco.
Ora é importante que se perceba que votar em branco tem a mesma dignidade cívica do que votar no partido A ou no partido B.
A cidadania, enquanto virtude, exige que se cumpra o direito/dever de votar, que integra o seu estatuto, mas não predetermina qualquer sentido para o voto.
Já a abstenção é, no mínimo, a mais reprovável indiferença para com as exigências da cidadania. Que em nome dela se tenha o descaramento de propor, como medida regeneradora do regime, a greve à democracia, isto é, a abstenção em massa, nas próximas eleições, mostra que o Bastonário da Ordem dos Advogados, em vez de apelar à cidadania, como o seu cargo impunha, opta pelo sound byte, esquecendo que à democracia não se faz greve, nem que seja por um só dia.
In Correio da Manhã online
24/04/2011
Por: Magalhães e Silva, advogado
Nota: Em primeiro lugar, a fazer uma greve tem de existir algo que seja a origem dessa manifestação institucional, consagrada na actual Constituição da República Portuguesa, que é a greve! Em segundo lugar e porque esse algo não existe, pelo menos em toda a acepção da palavra "democracia", embora nos queiram incutir à força que sim que ela existe e está viva, penso que a ABSTENÇÃO é uma das formas cívicas de o Povo mostrar aos políticos rascas deste País, todos eles, sem excepção, porque nenhum presta pelo que já deu para entender desde há quase 4 décadas a quem não anda encarneirado em rebanhos ou usa palas nos olhos como as bestas, que não tem opção de escolha no Boletim de Voto que nos colocam à frente dos olhos.
Depois, votar em branco é um suicídio porque com tanto aldrabão pelo meio, ainda existirá uma mãozinha alheia que colocará uma cruzinha onde muito bem entender que não o próprio eleitor, sem alguém dar por isso.
Finalmente, anular o boletim de voto não será a melhor forma de fazer transparecer a nossa indignação e revolta por não existir ninguém na lista de ofertas, que mereça a nossa confiança, estima e respeito.
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